Marrakech em Novembro


Faz agora dois anos que fui passar quatro noites a Marrakech, capital do antigo império marroquino, também conhecida como a cidade rosa devido à cor das suas muralhas e da maior parte das casas. Não conhecia esta cidade, mas tinha uma ideia do que como seria e ia mentalmente preparada para o assédio permanente de que iria ser alvo, até porque já estive na Tunísia. Mas aqui foi mais....digamos...mais intenso!
Há dois anos atrás ainda não havia voos directos. Quando cheguei ao aeroporto de Lisboa e vi a "pileca" de avião que ia apanhar para Casablanca fiquei espantada. Era bem pequenino, movido a hélices e com um aspecto algo ultrapassado. Em Casablanca apanhei depois a ligação para Marrakech. Curiosamente, apesar da viagem ser curtinha, este avião já era grandote e imponente. Depois o transfer (desta vez o preço compensou a compra de um pacote) levou-me do aeroporto até perto do ryad (5 km). Fiz questão de ficar num ryad para estar em plena medina e conhecer de perto o tipo de habitação onde vivem os marroquinos. Fiquei no Riad Sable Chaud. Mas se pudesse, gostava mesmo era de ter ficado no mítico Hotel La Mamounia, inaugurado em 1922, numa das suites com mordomo privado, ou no Hotel Amanjena.
Enfim, não se pode ter tudo. E como não fiquei em nenhum destes hotéis, com o dinheirão que poupei fui almoçar a um dos melhores restaurantes da cidade, o Dar Zelije. O espaço é lindo! E o serviço foi exemplar.

Riad Sable Chaud

Todos os riads têm uma fonte interior


O pátio do restaurante Dar Zelij
Ficar num riad em plena medina teve aspectos positivos e negativos. Positivos: esteticamente, os riads são bem mais charmosos do que um hotel, a decoração é tipicamente marroquina, estão localizados no coração da medina e o convívio com o pessoal e com outros hóspedes é propício. Temos uma atenção privilegiada por parte do staff. Aspectos negativos: se estiver muito calor, o que não era o caso, já que em Novembro apanham-se uns agradáveis 24 graus durante o dia, não há piscina. E o pior, a medina é verdadeiramente labiríntica!!! É  muito fácil perdermo-nos. Até aqui tudo bem, quem tem boca vai a Roma, pensava eu. Até vai, mas fica mais pobre... O problema é que de cada vez ( e foram muitas...) que pedia uma indicação a alguém, era literalmente chantageada. "Ajudou, agora tem que pagar!". Ah pois é. E existem verdadeiros profissionais na arte de nos esmifrarem os euros. Apanhei um que me veio mostrar o caminho para o riad com um amigo e depois exigiu  (bem diferente de pedir ou sugerir) que pagasse aos dois. E como os europeus são topados à légua, havia sempre alguém em cada esquina a perguntar se precisávamos de "ajuda". Se estivessemos com mapa na mão, o que percebemos logo ser um erro tremendo, ainda era pior. Chegámos mesmo a ser rodeados por um bando de "amigos" a querer ajudar. Ao segundo dia na cidade desenvolvi a estranha arte de ignorar as pessoas como se fossem invisíveis, o que é estranhíssimo de fazer, mas abonou, e muito, a favor da minha saúde mental. Que pena, porque a cidade é bonita , misteriosa e envolvente mas só conseguimos ter paz e sossego quando estamos no ryad ou num restaurante. Agora, é tudo uma questão de mentalização. Quem sabe ao que vai, como eu, até pode fazer um balanço positivo da viagem. Mas vi pessoas a passarem-se por completo e com vontade de fugir!

Mas vamos às fotos que mostram bem como Marrakech é cativante, principalmente fora dos meses de torreira. A Praça Jemaa-el-Fna é mesmo dos sítios mais espetaculares onde já estive, a fervilhar de vida a qualquer hora do dia ou da noite. O folclore é permanente e envolve todos os sentidos: temos sabores, cores, música, odores e gente a roçar-nos a todo o momento. De noite, a praça enche-se de fileiras de estaminés com esplanadas a servirem comida. Vale a pena experimentar a harira, uma sopa associada ao Ramadão que leva imensos legumes, e os grelhados. Nesta praça, em média, uma refeição fica em 3- 4 euros por pessoa. De início, fiquei desconfiada.. Será que é seguro comer aqui? Mas depois vi tantos turistas a comer que decidi arriscar. E não só não me arrependi como ainda regressei. Mas atenção, não é recomendável comer vegetais crus nem beber água de torneira, a não ser que queiram arriscar um desarranjo intestinal daqueles de fazer perder dois quilos em três dias....
^Mesquita da praça

Músicos, encantadores de serpentes, ervanários, feiticeiros, dentistas, há de tudo
nesta praça que constitui o centro nevrálgico da cidade. Vale a pena sentarmo-nos
numa das muitas esplanadas, como a do Café Argana, a apreciar o movimento.

Beber um sumo na laranja nesta praça é quase obrigatório.
São excelentes, bem servidos e baratos.

1 comentário:

  1. Caro Omar, obrigada pela sua mensagem. Talvez um dia regresse a Marrocos porque ficou muita coisa por ver. Votos de sucesso!

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