Ginza - Um bairro que cheira a dinheiro.


Ginza Yonchome Intersection, a junção da
 Chuo Dori (rua) com a Harumi Dori,

A fachada da Louis Vuitton

Ginza está para Tóquio como a 5º Avenida e a Madison Avenue estão para Nova Iorque. Tem as ruas com o metro quadrado mais caro da cidade. Ruas repletas de templos de consumo onde luxo é a palavra de ordem. É aqui que ficam as lojas dos grandes costureiros franceses e italianos, curiosamente lado a lado com a Gap, a Zara e a Benetton, lojas bem mais acessíveis que, por sinal, chegam a ter fachadas e montras bem mais giras do que as restantes. E se o design de lojas já surpreende noutros bairros da cidade, pelo bom gosto e originalidade, aqui é elevado ao extremo com lojas de chocolates que mais parecem joalharias e boutiques de roupa com áreas que fazem lembrar o lobby de um hotel de cinco estrelas. E com direito a segurança à porta. É outro universo que gera lucros consideráveis e é alimentado pelo fascínio que os japoneses têm pelo Ocidente. Algo que, curiosamente, acontece desde que o país deixou de estar isolado devido ao shogunato Tokugawa. por volta de 1850. Não admira pois que tudo o que seja marcas de luxo queira abrir portas no Japão. E se a este interesse pelo Ocidente  juntarmos o elevado poder de compra dos japoneses (o ordenado médio de um estagiário são 2 mil dólares por mês) e o prazer que têm em "torrar" os yenes que ganham em semanas com uma média de 70 horas de trabalho, o sucesso é quase garantido. E claro, as marcas adaptam-se também aos gostos dos consumidores. Num país onde uma grande parte das mulheres veste 34 (rabinhos de criança), calça 35 e anda quase sempre de micro shorts ou de mini saia, é sem dúvida importante que as marcas se saibam adaptar. 


Um "restaurante" que só serve sobremesas.



Em Ginza também existem grandes armazéns com vários andares de lojas.
As famosas passadeiras cruzadas.



Alguns prédios têm lojas até ao último piso.


Á direita, a sede da Sony com um show room de vários pisos onde podemos
conhecer e experimentar todas as novidades da marca sem pagar nada por isso.

Uma das experiências que recomendo a quem for a Tóquio é ir a um teatro para assistir a uma parte de uma peça de Kabuki. Não digo assistir a uma peça inteira, porque chegam a durar 6 horas e o bilhete custa uma pequena fortuna, cerca de 180 euros. Mas é possível comprar um bilhete por cerca de 8 euros para assistir a 40 minutos, um preço perfeitamente decente. Não percebemos nada do que dizem na peça, é certo, mas eu achei divertidíssimo porque é diferente de tudo aquilo que já vi num palco. Os actores são todos homens, até mesmo os que representam personagens femininas. Quando o Kabuki surgiu, as mulheres também participavam mas  depois o shogunato Tokugawa proibiu a participação das mulheres e até hoje são homens que fazem estes papéis. Chamam-lhe os onnagata.. Os actores não falam, grunhem e gritam em japonês arcaico que nem todos os japoneses entendem perfeitamente, prolongado o final de cada palavra de uma forma tão exagerada que não dá para conter o riso. E depois é engraçado ver que existem pessoas em palco, todas vestidas de negro, que supostamente são figuras invisíveis e existem apenas para estarem permanentemente a endireitar os trajes pesados das personagens principais. Tudo isto acompanhado de música ao vivo. É imperdível como podem ver neste excelente link que explica a origem desta forma de arte popular que remonta o período Edo (1603-1868) e invoca episódios históricos, conflitos entre samurais e relações amorosas.

A fachada do Teatro de Kabuki em Ginza.  Para os estrangeiros,
existem auscultadores com tradução simultânea em várias línguas.


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