No Japão, os olhos também comem.

A louça onde se serve sushi  é escolhida a rigor.
Dá vontade de roubar os pratos..

Conjunto de vending machines. É normal ver mais de cinco lado a lado. 


No Japão, sobretudo nas cidades, estamos sempre a tropeçar em máquinas de venda automática. Até mesmo em jardins onde de noite não passa ninguém. Só mesmo num país tão civilizado é que estas máquinas não são assaltadas nem vandalizadas. E vale a pena passar algum tempo de volta delas. Existem máquinas de tudo e mais alguma coisa. Mesmo.... Não encontrei nenhuma que vendesse roupa interior usada, para saciar as taras sexuais de certos homens, mas sei que elas também existem e fazem sucesso... Vou cingir-me aos alimentos e bebidas. De águas minerais, a águas aromatizadas, chás, refrigerantes, gelados, cafés, aperitivos (podia fazer um post só sobre este tema), noodles, chocolates e bolos, encontra-se de tudo um pouco e a preços mais acessíveis do que nas lojas de conveniência. Em média, uma água ou um café, custam entre 100 e 120 yenes, entre 80 cêntimos a um euros. Gostei particularmente das latas de café que saem quentes da máquina e das garrafas de chá verde, que muita companhia me fizeram nas viagens de comboio. 

Loja de caixas bento numa estação de comboios

É rara a pessoa que não leva almoço para
o comboio. E depois deixam tudo limpinho.

E por falar em viagens de comboio, acho uma ideia fantástica as caixas bento que se vendem nas estações de comboio para saborear durante as viagens. Preços? Comprei uma a uma velhota, à saída do hotel em Quioto, e paguei por uma caixa com um bife panado, arroz, pickles, salada e um bolinho a módica quantia de 450 yenes, cerca de 5 euros. Quem diz que o Japão é um dos países mais caros do mundo, está tão, mas tão enganado.
Quem se esquecer de levar comida, pode
sempre comprar  no comboio.

Nunca deixei de ir um determinado país por causa da comida. Acima de tudo, gosto de viajar e escolho os destinos pelas paisagens. A comida fica sempre em segundo plano. Mas se a comida puder estar ao nivel do primeiro plano, é um bónus que é sempre bem vindo e que torna a viagem muito mais interessante. São poucos os países que até agora me conquistaram pelo estômago. Destinos onde sentar-me à mesa foi um verdadeiro acontecimento. São eles o Brasil e a Argentina - por causa da carne, das capirinhas e das frutas tropicais - a Malásia, porque foi a minha primeira viagem à Ásia e adorei a variedade de comida (um mix de cozinha tailandesa, indiana, chinesa e vietnamita) e o Japão pela apresentação da comida (os olhos também comem!), pelo ambiente acolhedor de muitos restaurantes (em muitos deles, as mesas estão rodeadas de cortinas, dando aos clientes privacidade total), pelo sabor dos pratos e pela confiança já que podemos comer em qualquer lugar, sempre com garantia de um elevado grau de higiene.  

Snack bar de rua. O Japão deve ser dos poucos países onde podemos
comer à confiança em qualquer esquina. Não encontrei um só lugar com ar manhoso.


Muitos restaurantes têm salas privadas para as refeições
com portas de correr ou cortinas. Que bela ideia!
Restaurante no 7º andar de um prédio de Quioto..
Se não fosse um promotor de rua a divulgá-lo nunca
teríamos dado com ele. Todos os pisos tinham restaurantes!

As únicas coisas de que não gostei no Japão foram os pequenos-almoços (a palavra pão em japonês até deriva do português, mas sabem lá eles o que é pão e o que é manteiga) e uma boa percentagem das sobremesas (muitas delas, à base de doce de feijão ou doce de castanha, dada a estação em causa). Mas, independentemente de gostar ou não da comida, ficava sempre extasiada com a apresentação dos tabuleiros e a disposição da comida, tanto nas montras, através de réplicas perfeitas feitas de plástico, como ao vivo e a cores. O design marca presença em cada detalhe de forma impressionante. E uma das visões mais agradáveis, são os preços. Conseguimos comer muito bem por muito pouco. Quem diria?
Takoyaki: pasteis com pedaços de polvo que, se forem bem feitos, são uma delicia.
Pequeno almoço do hotel em Quioto. Ainda bem que existem
milhentos Starbucks no Japão....
Refeição com vista para a ponte de Arashyama: 700 yenes.
Um snack muito popular: peixe assado no espeto.
Churrasco coreano, 1200 yenes. Mas atenção, os japoneses adoram carne com gordura.
O bife de Kobe, por exemplo, é quase todo branco.... Bom para o colesterol!

Batata frita servida numa só rodela
em forma de espiral

Tonkatsu, um panado de porco com arroz, salada, miso e chá: 600 yenes.
As Izakayas são casa de saké que têm três ou quatros  pratos do dia
por preços incrivelmente baixos.
Fast food japonês, okonomyaki, uma das melhores coisas que
comi e que consiste em couve migada, envolta num polme
e coberta de bacon e ketchup. Yummy!
Um sushi man em acção num restaurante em Shinjuku
Loja de snacks. 
Máquinas de pré-pagamento de um restaurante.
Tira-se uma senha, entrega-se ao cozinheiro
e ele cozinha na hora. Preço médio: 500
yenes apenas!
Okonomyaki a ser feito na chapa
Comida de plástico para ilustrar o menu da casa. 
Caldo de tofu e legumes; 500 yenes





Uma coisa curiosa que acontece no país do sol nascente é que os restaurantes tendem a ser especializados num só alimento. Há restaurantes só de tempura, só de okonomyaki, só de sushi, só de carnes grelhadas e por aí fora. São muito poucos os restaurantes que servem de tudo um pouco, o que dificulta a escolha se formos várias pessoas e um quiser comer sushi e outro não...

Udon com legumes. Assim, dá gosto comer pratos vegetarianos.
Gratinado de legumes e ovo. Delicioso!
Quem gosta de experimentar coisas novas, como eu, deve obrigatoriamente ir visitar as caves dos grandes armazéns (existem imensos), onde ficam os restaurantes e supermercados. Há sempre degustações de alimentos, embora a maior parte das vezes não seja possível saber o que estamos a comer. O mesmo acontece nalgumas zonas turísticas, como a Nakamise Dori, a rua que vai dar ao tempo de Asakusa. Podemos provar vários tipos de aperitivos e bolachas, bebidas, bolos  etc
Montra de uma loja cujos bolos com diferentes recheios (chá verde, chocolate,
sésamo e doce de ovos) têm de ser comidos até duas horas depois de saírem
do forno. A hora limite de consumo vem impressa na caixa.

Loja de bolachas na Nakamise Dori, junto ao templo de Asakusa.
Espetada de arroz glutinoso com doce de feijão, de chá
 verde, de sésamo e outros sabores que não me convenceram...
Gelado de chá verde. Não é fantástico, mas
come-se bem e só custa 150 yenes.

Ora cá está o pão de ló que os portugueses
 levaram para o Japão, cozinhado em rolos, tipo frango.
Uma loja que só serve sobremesas.
É incrível a predominância do sabor a chá verde em tudo o que é doce: chocolates,
gelados, bebidas, recheios de bolos... Será este o segredo da longevidade dos japoneses?

Doces para acompanhar chá que são bem
mais bonitos do que saborosos.
Existem muitas lojas que só vendem bolos e pães doces. As montras
são sempre um deleite para a vista. 
A fruta chega a ter um preço exorbitante. E quanto mais perfeita for, mais cara.
Como têm casas muito pequenas, os japoneses gostam de oferecer alimentos
aos amigos quando são convidados para jantar. Vi meloas a mais de 400 euros...
Aperitivos que passaram no teste de sabor.
Até comprei para oferecer.


Resumindo, os unicos alimentos de que senti falta no Japão foram o pão, os iogurtes (há pouca variedade), os sumos Compal (há pouca variedade de sumos de fruta), a manteiga (nem sabem o que isso é...) e a fruta, que e estupidamente cara porque é quase toda importada. Mas gostei de muita coisa nova que provei e adorei saber que os japoneses privilegiam imenso os sabores da estação pois têm um enorme respeito pela sazonalidade, privilegiando tudo aquilo que a Natureza lhes oferece. Esta atitude permite que os alimentos sejam consumidos quando estão no auge do seu sabor e a preços mais reduzidos. Visitar o Japão em diferentes estações do ano equivale pois a saborear pratos diferentes que recorrem aos legumes e frutos da estação. Gosto muito desta ideia. Faz-me ter vontade de voltar a este pais em diferentes alturas do ano para poder experimentar mais coisas. Da próxima vez que voltar ao Japão, tenho de ir visitar a capital gourmet da nação onde muitos japoneses vão propositadamente apenas para comer:  Osaka.

Fushimi Inari: Um Santuário dedicado ao Deus do Arroz.

A entrada do santuário temos este tori gigante
Existem muitas estátuas de raposas no recinto,
pois eram consideradas mensageiras de Inari

A fonte onde as pessoas purificam
as mãos e bebem água



Uma das imagens mais célebres de Quioto são os toris do Santuário Fushimi. Já tinha visto imagens destes corredores vermelhos vezes sem conta, mas desconhecia que ficavam em Quioto. Foi a minha amiga S. que insistiu para irmos ver este santuário, numa altura em que eu já estava a entrar em modo "Chega de tenplos". Mas ainda bem que fui, porque este local é diferente de todos aqueles que visitei. E não se trata de um templo, mas sim de um santuário dedicado a Inari,  Deus do Arroz. Aliás, de todos os santuários dedicados a Inari, este é o mais importante. E para o visitar, temos de atravessar a floresta, subindo uma escadaria que parece não terminar e atravessando toris, toris e mais toris, oferecidos por pessoas ou por empresas. As inscrições em kanji referem a entidade que ofereceu o respectivo tori. Cada tori implica uma dádiva de, no mínimo, 400 mil yenes ao santuário. Ao todo, existem milhares de toris. A caminhada até ao topo, ao longo da qual passamos por vários pequenos templos, leva cerca de três horas. Nós fizemos cerca de metade e quando esbarrámos com um mapa do santuário e vimos o que faltava caminhar, demos meio volta, rodámos os calcanhares e começamos a descer. Até gostávamos de ter ido lá acima, mas isso implicava estar quase um dia inteiro no santuário e queríamos ir ver o centro antigo de Quioto. Mas valeu a pena a visita, até porque não é todos os dias que se vê um japonês com a camisola da Selecção Nacional de Portugal vestida.

O mapa que nos intimidou...
Um sorriso cúmplice. Lá percebeu que éramos
portugueses, mas como não fala inglês, brincámos
ao Pictionary, tirámos fotos e sayonara.



A meio da subida, existe um lago.


Giros estes cartões de desejos em forma de cabeça de raposa.

Volto a dizer: os templos são um dos melhores locais para fazer compras,
com preços que geralmente andam um pedaço abaixo da média.

Dois japinhas amorosos com trajes tradicionais