"Mercadão" Municipal de São Paulo




Quem disse que a cidade de São Paulo é feia e desinteressante? Tretas. Quem gosta de viajar, como eu gosto, não anda só atrás dos postais ilustrados. Se assim fosse, nunca teria ido a Tóquio que é uma amálgama de edifícios descoordenados e cinzentões. E no entanto, não vejo a hora de lá voltar. Com São Paulo passa-se o mesmo. Não é de facto uma cidade bonita mas é muitíssimo interessante. É uma cidade enorme, com 12 milhões de habitantes, ou seja, Portugal caberia lá inteirinho. E a grande São Paulo tem 20 milhões, incluindo a maior comunidade japonesa do mundo. É muita gente junta nesta cidade que é a capital financeira, cultural e gastronómica do Brasil. E só por estes dois últimos pontos - cultura e gastronomia- já vale a pena visitar esta metrópole. No meu 1ºdia em São Paulo tive a sorte de ter um motorista e uma guia à disposição das 10h às 19h. "Onde querem ir primeiro?", perguntou a guia. E eu respondi "Ao Mercado Municipal de São Paulo!", apelidado localmente por "mercadão". Para mim, não existe melhor forma de começar a explorar uma cidade do que esta, pelo estômago.

Os vendedores estão sempre a desafiar-nos
para provar frutas. E se não comprarmos nada,
ficam na boa. Até tiram fotos connosco,

Um festival de sabores tropicais... Até se vendem frutas fora da
época e frutas raras da Amazónia.
Se há coisa que adoro no Brasil é o culto dos salgadinhos. Qualquer boteco
vende cozxinhas de galinha, pastél, de carne, pastel de bacalhau, empadas,
pães de queijo, etc 
Visitei São Paulo na altura da Fórmula 1 em Interlagos. Havia polícia em todo
 o lado! Senti-me sempre segura porque nestes dias de grandes eventos a  taxa
de criminalidade baixa imenso.
E agora tenho de referir um dos ex libris deste mercado, a sanduíche de mortadela King Size! Lembrou-me outra que vi à venda em Nova Iorque no Katz Delicatessen porque ambas usam uma camada gigante de carne que dava para fazer umas 30 sanduíches normais... De acordo com a revista Veja de São Paulo, a melhor sanduíche de mortadela é a de "O Bar do Mané", na rua E, que leva cerca de 300 gramas de carne e custa 12 reais (4 euros). Deve dar para alimentar várias famílias...




Outra coisa que me impressionou e até de deixou com inveja foi a qualidade do bacalhau à venda neste mercado. Porque, afinal,  Portugal pode ser o país que mais pratos faz com este peixe seco, mas não me lembro nunca de ter visto à venda postas com esta altura e com tão bom aspecto! E aqui temos o outro ex libris do mercado, o pastel de bacalhau.






Localizado na Rua 25 de Março, junto ao metro de São Bento, as centenas de bancas de fruta, legumes, peixe, carne, frutos secos e especiarias abastecem a maior parte dos restaurantes da cidade e, juntamente com os restaurantes (na mezzanine) e as lanchonetes que existem no local, são o sustento de mais de 290 famílias. Com toda esta variedade de produtos, e ainda uma secção de artesanato, deambular nos 12 mil metros quadrados do Mercadão é um autêntico deleite para os sentidos.





vi muitos frutos secos que nem conhecia...
E provei e gostei imenso das castanhas do Pará.
As castanhas são um luxo no Brasil e um
quilo ronda os 17 euros. Ora aqui está uma ideia de negócio...
Podem comprar-se queijos de todo o mundo
Um nome infeliz para um talho de carne de porco...



O edifício do Mercado Municipal de São Paulo foi erguido em 1933 e tem vários vitrais que conferem ao espaço uma iluminação natural bem interessante. É um local que tanto é visitado por gente com menos dinheiro para petiscar algo, beber um café ou uma cerveja, como por chefes de cozinha que aqui vêm comprar trufas, flor de sal, caviar e outras iguarias que só aqui conseguem encontrar. E, claro, também é visitado por turistas. Para mim, foi a melhor forma de começar a visita a São Paulo.


Mercado Municipal de São Paulo
Quando: Segunda a Sábado das 6h às 18h; domingos e feriados, das 6h às 16h


Gruyéres, a melhor surpresa da viagem à Suiça!




A palavra Gruyéres remete-nos de imediato para um tipo de queijo suiço. Ora este queijo tem o nome da vila onde foi criado originalmente e bastou-me, um dia certo dia, ver uma imagem do centro desta vila para a colocar de imediato no meu roteiro. E ainda bem que o fiz porque Gruyéres é um local muito pitoresco que parece ter parado no séc. XV.E o facto de não poderem circular carros dentro das suas muralhas, ajuda bastante. A vila é mínima, praticamente só tem uma rua, várias casas com fachadas bem preservadas e uma colina com um castelo. Mas é uma gracinha!



Cartaz a anuncair produtos típicos da região.

A rua principal está cheia de edifícios medievais onde hoje existem bares.
lojas de artesanato e restaurantes.
Em todo o lado, faz-se fondue de queijo com
frutas.pão ou com legumes,. O cheiro às tantas
começa a enjoar...




O Chateau de Gruyéres, cuja construção remonta ao séc. XIII., foi habitado
pelos condes de Gruyéres até meados do séc, XVI, quando a família faliu.
Depois disto, mudou de mãos por mais três vezes até que no séc. XX
o Cantão de Friburgo o comprou para o transformar num museu

A porta do castelo

E agora chega uma das melhores partes desta visita. Quem é que iria imaginar que no meio desta minúscula vila medieval iria encontrar um dos bares mais engraçados e com uma das decorações mais futuristas e originais que vi até hoje? Trata-se do bar do Museu HR Giger, um museu que tem o nome de um famoso ilustrador, pintor , escultor e designer suiço nascido em 1940 que, entre outras figuras bizarras e grotescas, concebeu a imagem do "Alien", uma figura sinistra e ameaçadora que deu nome a uma saga de filmes de Ridley Scott. Este realizador ficou absolutamente fascinado com os desenhos que Giger publicou no seu livro "Necronomicon" (1977), fascínio este proporcionou o convite para criar o monstro horripilante que marcou a História dos thrillers cinematográficos da década de 80. E Giger chegou mesmo a ganhar um Óscar em Hollywood com o seu aterrador "Alien". Não visitei o museu, mas estive quase uma hora no Bar Giger (2004), maravilhada com o ambiente gótico e macabro deste espaço repleto de detalhes curiosos. Um espaço incrível que contrasta de forma inesperada com o carácter medieval da vila que o acolhe. Passado e futuro de mãos dadas de uma forma bem interessante! 

O tecto do bar é composto por arcadas que fazem
lembrar esqueletos. O edifício onde foi criado tem
 mais de 400 anos.
O 1º bar Giger foi criado em Tóquio, mas já não existe, o 2ºem Chur,
a cidade Natal de Giger, e o 3º  é este em Gruyéres.


Giger chegou mesmo a ganhar um Óscar em Hollywood com o seu aterrador "Alien". Não visitei o museu, mas estive quase uma hora sentada ao balcão do Bar Giger (2004), em frente ao museu, maravilhada com o ambiente gótico e macabro deste espaço repleto de detalhes curiosos. Um espaço incrível que contrasta de forma totalmente  inesperada com o carácter medieval da pequena vila muralhada que o acolhe. Ou seja, passado e futuro de mãos dadas de uma forma bem interessante! 

As cadeiras são incríveis!
Uma parede que parece ter sido retirada
de uma casa assombrada!
A entrada do Museu HR Giger que contém, a maior colecção que existe
de obras de Giger: ilustrações, pinturas, esculturas, móveis e outros objectos.

Para terminar, para quem, como eu, não sabia o que era feito deste senhor, depois de pesquisar os vários sites oficiais dedicados a este artista, fiquei a saber que ainda está vivo, continua a trabalhar e mora com a sua esposa na cidade de  Zurique. Dado o sucesso das suas criações, ainda hoje exibidas em várias exposições retrospectivas pelo mundo inteiro e com inúmeras peças a fazerem parte de colecções particulares, aposto que tem uma bela qualidade de vida e uma conta bancária bem mais dócil do que as criaturas que desenhou. E bem vistas as coisas, ele merece.

Berna, uma capital com charme medieval.

Uma das muitas fontes da cidade de Berna
Barenplatz, uma praça pedonal. 

Berna foi fundada em 1195 por Bertoldo V, Duque Zahringen Hoje, é o centro
poliítico e educativo mais importante da Suiça e o seu centro histórico
foi classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.


Berna é a capital da Suiça e é nesta pequena cidade que se encontra a sede do Governo. O símbolo da cidade é um urso e uma das principais atracções de Berna é precisamente o Parque dos Ursos. Mas durante a minha visita, em vez de ir ver animais enjaulados, achei bem mais interessante dedicar as cinco horas que tinha para caminhar pelas ruas desta cidade medieval atravessada pelo rio Aare. É claro que não tive tempo para andar a ver museus, nem queria. E o tempo que tinha deu perfeitamente para almoçar, ver todas as ruas da parte histórica, ver as fachadas dos principais monumentos e ainda comprar chocolates numa das muitas casas que o vendem, porta sim porta sim. O centro histórico de Berna é pequeno, mais parece uma aldeia, e está cheio de ruas pedonais empedradas, belos edifícios, estátuas e fontes com figuras medonhas que parecem retiradas de um filme de terror, prontas para ganharem vida assim que viramos costas.




As ruas estão repletas de arcadas com lojas
A torre de Zytglogge abriga um relógio com
mais 600 anos que assinala cada hora desde
 Outubto de 1405. Em tempos, foi uma prisão.
Kultur Casino onde actua a Orquestra Sinfónica de Berna.
Arte urbana

Há que ter cuidado quando andamos na rua para não tropeçar numa das muitas lojas que existem em caves de prédios, sempre com alçapões decorados de forma atraente para convidar quem passa a entrar. Eu só os espreitava de fora porque já sabia que qualquer coisita que me me pudesse apetecer comprar faria co que tivesse de regressar a casa quase de imediato... E esta é uma das coisas chatas da Suiça, faz-nos sentir pobres, uns tesos de primeira.... Mas que as lojas são giras, são. 



Nesta altura do ano, Inverno, havia poucos turistas, mas ainda assim ouvia-se frequentemente quem falasse português e espanhol, dada a quantidade enorme de emigrantes que aqui vive, E desde que o ordenado compense, o que é altamente provável no país que consta ter a melhor qualidade de vida do mundo, até deve ser bem agradável viver em Berna, sobretudo porque tem muita gente nova, devido à cidade universitária, e no Verão o rio Aare, que contorna a cidade  com as as águas verdes e limpas, é muito apetecível para banhos.




Munster St. Vinzenze, uma Catedral de estilo gótico.
cuja construção começou em 1421 e terminou em 1895.
 Com 100m de altura, é a igreja mais alta da Suiça.