Quanto custa ir aos mercados de Natal da Alsácia?



Agora que já faz frio em Lisboa e se começa a sentir a aproximação da época natalícia, vou relatar a viagem mágica que fiz no passado aos Mercados de Natal da Alsácia. Já andava com esta ideia fisgada há vários anos, fazer a rota dos mercados de Natal ao longo de uma semana, saltitando de vila em vila e petiscando snacks aqui e acolá com um copo de vinho quente na mão. Os voos foram marcados na companhia aérea low cost easyjet, com a devida antecedência (4 bilhetes de adulto custaram cerca de 600 euros), com destino ao aeroporto de Basel/Mulhouse/Freiburg. Os horários dos voos não podiam ser melhores: partida de Lisboa às 8h da manhã e, no dia de regresso, partida de Basel às 21h00. Ou seja, ainda dá para aproveitar bem os dias em que se viaja. A "base de  operações" foi montada na vila histórica de Colmar, a 60 quilómetros do aeroporto de chegada. Colmar é a mais famosa de todas as vilas-Natal por conter, numa só vila, cinco mercados. Depois, já de carro alugado desde o dia da chegada ao aeroporto (uma semana: 400 euros), foi só traçar rotas para cada dia. Mas, claro, eu já levava o TPC bem estudado e sabia exactamente quais os locais que queria visitar, todos eles a uma distância de 20 a 30 minutos de carro de Colmar, à excepção de Estrasburgo e Baden Baden.




O alojamento teve custo zero porque consegui fazer uma troca de casa estupenda com uma família amorosa, via Homeexchange. Fiquei numa verdadeira casinha de bonecas em pleno centro histórico de Colmar. Creio que esta terá sido a minha sétima troca de casa de muitas outras que virão  A casa era do séc. XVII, plena de charme, quentinha, rústica, muito bem decorada e dava para oito pessoas, embora fossemos apenas quatro. Tinha cozinha equipada, Internet, tv por cabo, vista frontal para o mercado de Colmar, para os canais e para a Catedral e ainda estacionamento privado. 

Pão com especiarias, uma dos sabores típicos da época.
Uma família a passear o seu lobo da Alsácia
Ao longo desta semana, a nossa rota contemplou as vilas de Eguisheim, Kintzheim, Riquewhir, Ribeauvillé, Kayserberg e ainda as cidades de Estrasburgo, a floresta negra e Baden Baden (Alemanha). Mas acabámos por encontrar outros locais igualmente interessantes como o castelo Hohlandsburg e outros vilarejos dos quais não retive o nome. Senti-me várias vezes como se tivesse entrado no conto de Hansel&Grettel dos irmãos Grimm. As habitações típicas da Alsácia parecem casinhas de gengibre e os aromas da comida de rua espalham-se no ar por toda a parte. É um perfume adocicado que combina os aromas de bolos, biscoitos, pretzels, crepes, chocolate e, principalmente, especiarias usadas na receita do vinho quente. Tudo isto emoldurado por fitas coloridas, plantas ornamentais, peluches e luzes cintilantes e acompanhado de melodias de Natal harmoniosas e instrumentais, não há cá nada de George Michael e Maria Carey a cantar as mesmas músícas de sempre que já enjoam... . É tudo de um bom gosto surpreendente, sem manias de grandeza, sem árvores de Natal gigantes, nem apelo excessivo ao consumo. Ninguém incomoda ninguém, não há atropelos nas ruas e, curiosamente, nem sequer há grandes enchentes de pessoas, embora haja bastante movimento. E estacionar o carro é sempre fácil e quase sempre é grátis.






Devidamente "enchouriçados" para fazer face às muitas horas de frio passadas na rua, tivemos muita sorte com o tempo porque só choveu um dia. Podemos assim visitar todas estas vilas medievais com facilidade, sem confusões de trânsito, sem apertos, sem filas para comer ou beber e sem imprevistos. O melhor de tudo? As noites nestes mercados que são indescritivelmente mágicas, com a parafernália de luzes e brilhos em cada praça, as banquinhas de doces, as 1001 barraquinhas de brinquedos e artesanato com apresentação exemplar, as igrejinhas e capelas todas iluminadas, as montras das lojas primorosamente cuidadas e decoradas, as portas e janelas de casas privadas a competirem entre si para serem a mais bonita. Enfim, a antítese do centro comercial a favor do espírito de Natal no seu melhor!


Ter ou não ter guia em São Tomé, eis a questão.




Desde que fui a São Tomé e ao Príncipe, nunca recebi tantas mensagens, umas via comentários no blog e outras via mensagem privada (formulário de contacto). É rara a semana em que não me chegam à caixa de correio três ou quatro mensagens de alguém que anda a planear uma viagem a São Tomé ou ao Príncipe ou de alguém que lá esteve e me escreve a contar como foi a viagem. As duas perguntas mais comuns são: "Fez a profilaxia da malária?" e "Recomenda passeios com guia ou posso alugar carro e partir à aventura?". Invariavelmente, as respostas são sempre "Sim, tomei Malarone e não se brinca com a malária neste destino, apesar de haver cada vez menos registos da doença na ilha" e " Sim, recomendo contratar um guia porque os dias não são longos e há que aproveitar cada minuto de luz numa ilha que não prima pela boa sinalética rodoviária nem por boas estradas.... ". Acresce ainda que ter um guia é ajudar a economia local e aprender muito mais sobre a ilha, já que os guias sabem de História, conhecem a fauna e a flora local e sabem o que fazer caso caía uma arvore na estrada ou caia uma das pontes que temos de atravessar (eu tive de contornar uma ponte que ruiu, atravessando o rio de Jeep...). Ainda que, para mim, não haja melhor guia do que o Cau, esta empresa  - Banbénon - é uma alternativa a considerar.






Há poucos meses atrás, fui contactada pela Banbénon Tours para conhecer a oferta de passeios da mesma e agora trocamos impressões regularmente. Ainda não fiz nenhum passeio com eles mas gosto muito da forma como se apresentam, da oferta de passeios disponíveis, da possibilidade de fazer tours por medida e dos preços que praticam, que ficam um pouco abaixo da média. Gosto de ver que têm uma oferta alargada de serviços, fazendo também reserva de transfers, de alojamento e de rent a car. Estão permanentemente em busca de novas ideias para criar passeios diferentes, como o Circuito do Chocolate, o Circuito Nocturno, os Passeios de Bicicleta ou as Caminhadas ecológicas com banhos de cascata pelo meio, e estão sempre focados na satisfação dos clientes. MAs atenção, ainda estão a começar, são uma empresa nova. Este ano tenho familiares que vão experimentar alguns destes passeios e, para o ano, tudo indica que irei regressar a São Tomé e ao Príncipe pelo que depois deixo aqui mais impressões sobre esta empresa. Até lá, vou acompanhando pelo facebook o que andam a fazer e babando com as magníficas fotos que vão apresentando e que me fazem sempre recordar o quanto já fui feliz lá para os lados do Equador.

Uma das muitas praias desertas da ilha de São Tomé.

O que comprar no Cambodja?

A fachada do edifício principal do Centro de Artesãos de Angkor.
Mapa que explica o que é fabricado em diferentes regiões.



Siem Reap, tal como Banguecoque, é um verdadeiro mercado ao ar livre. Para onde quer que nos viremos, há lojas, vendedores ambulantes e mercados, tanto de dia, como de noite. Mas nos mercados do Cambodja é bem mais complicado regatear preços do que na Tailândia. É claro que tentei, pelo puro prazer de regatear, mas depois de fazer o teatro da praxe, fingindo desinteresse e virando as costas, percebi que não me chamavam e parei com a brincadeira. Até porque é ridículo regatear tostões e, vendo bem a coisa, é tudo estupidamente barato. A qualidade é que pode deixar muito a desejar. Houve malas e bolsinhas que comprei cujo fecho só deu para usar ... uma vez. Fiquei logo com eles na mão... Por isso, é preciso ter cuidado, porque, já se sabe, o barato sai caro. E quem não quiser arriscar, pode sempre apostar por fazer compras no Centro de Artesãos de Angkor, uma loja linda de morrer, onde podemos comprar sedas, cosméticos, jóias, vestuário, estatuetas de pedra ou madeira, pinturas e muitos outros artigos com garantia de qualidade. Não são baratos, alguns artigos são mesmo bem caros, mas são bonitos, contribuem para a economia do país e têm garantia de qualidade. Ao lado da loja, ficam alguns dos ateliers onde podemos ver alguns artigos a serem fabricados. 


A loja tem muito boa pinta.
Almofadas de seda
Artigos de papelaria
Cosmética natural

Para quem tiver um orçamento mais apertado, nada como os mercados da cidade. Os maiores são o mercado junto ao rio e o mercado nocturno. Funcionam diariamente e vendem artesanato muito semelhante ao da Tailândia. As melhores compras? Pashminas e tigelas feitas com casca de coco.


Um dos corredores do mercado junto ao rio

Tigelas feitas de coco e madrepérola. Lindas!


O maior mercado de artesanato é coberto.

O que não comprar: artigos feto em pele de crocodilo!
O artigo mais original que encontrei à venda

Passeio no Lago Tonlé Sap (Cambodja)

Foi aqui que o nosso tuk tuk parou para pôr combustível
 Muito à frente estes postos de abastecimento.






Quando fazia o TPC da viagem ao Cambodja,  investiguei quais os passeios que poderia fazer nos arredores caso me apetecesse variar das ruínas de Angkor. Não há muitas alternativas além de ir ver mais ruínas que ficam mais distantes. Se não fosse tão longe, teria ido ver as ruínas de Beng Mealea que, pelas imagens que vi, não ficam nada atrás dos templos de Ta Prohm. Acabei por fazer o único passeio diferente que encontrei e ir até uma vila construída em palafitas para ver um pouco do Cambodja para lá da zona turística. Não sabia se iria gostar porque no TripAdvisor as opiniões dividem-se entre aqueles que acham que este passeio é uma treta e mais vale ficar de molho na piscina do hotel e aqueles que amaram a oportunidade de ver um pouco do estilo de vida dos locais que vivem de forma tão diferente da nossa. Felizmente, dei por bem gastos os 20 dólares deste passeio e passei a incluir-me na segunda categoria.

O caos de embarque. Éramos só nos, não havia mais turistas na área. Yes!
A abundância de água neste região foi fundamental para
o desenvolvimento da civilização que construiu Angkor. 
Nós no barquinho que nos transportou até a uma aldeia construída em palafitas
Uma família em mudanças. Esta casa está a ser puxada
por um barco para mudar de poiso. Quem está mal, muda-se!
Este templo fica numa pequena ilha a meio do lago e é aqui que muitos
 pescadores exercem rituais de purificação depois de uma pescaria.
Uma escola flutuante

O caminho para chegar a este gigantesco lago de água doce, o maior do sudeste asiático,  e que faz ligação com o rio Mekong, permite-nos ter uma noção real do tamanho de Siem Reap. Se junto ao centro, onde me instalei, abundam as pousadas de pequena e média dimensão, assim que nos afastamos dele atravessamos uma zona moderna de avenidas bem largas onde se encontram imensos resorts e hotéis enormes de cadeias internacionais. Depois a paisagem vai mudando até se tornar totalmente rural. E aqui sim, sentimo-nos no Cambodja. Não há mais turistas, além de nós, e todos nos observam com muita curiosidade mas sempre com um sorriso rasgado.


Existem 149 espécies de peixe nestas águas. É um ecossistema riquíssimo.
O maior peixe destas águas, "cat fish", pode chegar aos 3 m de comprimento!


Mais do que um lago, o Tonlé Sap é a "dispensa", o "frigorífico", o "sistema de rega" e o "ganha pão" de muita gente. A água do lago serve para beber, cozinhar, manter viveiros de peixes debaixo de casa, literalmente (!) e, claro, para pescar peixe, caranguejos, cobras de água, lagartos, apanhar algas e ainda para regar campos agrícolas  nos seus arredores. E tudo se aproveita nos peixes que são aqui pescados. As cabeças, depois de secas ao sol, são usadas para fazer fertilizantes agrícolas e a gordura é usada para fazer sabão. A população é budista pelo que revela preocupações morais no que toca a acabar com a vida de outros seres vivos e, como tal, a pesca é encarada como algo estritamente necessário para ter o que comer. Os peixes não são mortos pelos pescadores, eles preferem aguardar que o peixe morra por si, depois de puxado para fora de água. E se ocasionalmente se pesca mais do que necessário é apenas para conseguir algum dinheiro para fazer face a imprevistos de saúde. Tudo o resto é feito com base em trocas. No final da pesca, muitos pescadores dirigem-se a templos para minimizar a sua culpa e purificarem-se, gratos por terem alimento.



Por mais 5 dólares, dei uma vota pela aldeia
na canoa deste senhor.









Para terminar em beleza, assistimos ao pôr do sol na aldeia e voltámos a encontrar o nosso guia que nos aguardava com o seu tuk tuk, já com os ingredientes para o seu jantar na mão: um monte de cobras de água doce... "Querem comprar?" perguntou-nos sorridente.   "Nããããõ!, respondemos em coro. Mas ninguém dispensou a foto da praxe.

O lago Tonlé Sap é o maior viveiro de cobras de água
doce do mundo.