Fugu - 15 factos curiosos sobre a iguaria mais cara e letal do Japão


Não, não provei Fugu, um peixe balão muito apreciado pelos japoneses, famoso pela quantidade de veneno que contém. Nem teria coragem para o comer porque gosto muito de viver. Provar em quantidades miinimas, isso talvez. A unica vez que me cruzei com alguns espécimes vivos deste peixe foi no mercado de Tsukiji, em Ginza, e apanhei há poucos dias um documentário interessantíssimo no Canal Odisseia sobre este peixe onde fiquei a saber coisas muito, muito curiosas.

1- No Japão existe legislação específica para regular o consumo deste peixe. Apenas restaurantes autorizados com chefes diplomados podem preparar e servir esta iguaria. Afinal de contas, o veneno de um só peixe pode matar várias pessoas. Mas consta que o sabor e a textura justificam o risco....

2- O veneno do fugu está concentrado nas vísceras, sangue e pele. Existem algumas espécies cuja pele é comestível. O fígado, em particular, apresenta uma concentração elevadíssima de veneno. Não admira pois que durante a sua preparação os chefes coloquem de imediato as partes não comestíveis numa lata que é imediatamente fechada com um cadeado.

3- Para preparar este peixe são necessários três tipos de facas. Uma faca pesada e uma faca média para retirar a pele e as espinhas e uma faca mais afiada para cortar filetes (sashimi).

4- Uma dose de fugu nunca custa menos de 100 euros por pessoa. Ou seja, é um luxo comer este peixe de sabor delicado, distinto e isento de gordura. É um peixe muito versátil que pode ser consumido de muitas formas: sopa com tofu (fuguyiri), lombinhos estufados, sashimi, cozido a vapor, peito grelhado, filetes com molho doce e pele de fugu em geleia com molho de soja.

5 - Os samurais estavam proibidos de comer fugu assim como o Imperador. Esta última proibição prevalece até aos dias de hoje.

6- Existem mais de 38 variedades de fugu ao longo da costa do Japão e destas só 22 é que podem ser consumidas. O veneno encontra-se em partes diferentes do peixe, consoante a espécie. Ou seja, um chefe especializado tem mesmo de conhecer todos os tipos de peixe ao pormenor. E ainda assim, todos os anos morrem cerca de 70 pessoas envenenadas no Japão.

7- Os primeiros registos de mortes após a ingestão deste peixe datam de 1900. Desde então, estima-se que já morreram cerca de 1900 pessoas.

8- Em 1958,  houve 289 chefes aprendizes que foram envenenados acidentalmente. Destes, morreram 176. Estas mortes serviram de pressão para o governo criar leis específicas para as partes do peixe que podem ser consumidas. O fígado continua a ser proibido, apesar de existirem restaurantes que o servem clandestinamente, oriundo de espécies de aquacultura uma vez que se descobriu que os peixes criados em tanques não são venenosos, pois o veneno tem origem na alimentação feita no mar.

9- Para se ter um diploma de chefe de fugu, é preciso passar em três exames: Saber limpar o peixe na perfeição, saber preparar sashimi em 20 minutos apenas e saber identificar todas as variedades de fugu.

10 -O veneno do fugu  - a tetrodotoxina - não tem sabor nem odor e é mil vezes (!) mais potente que o cianeto. Basta um micrograma de veneno por quilo de peso corporal de um humano para ir desta para melhor... O fígado e os ovários são as partes mais venenosas. Bastam 20 gramas para matar um humano.

11- Em caso de ingestão de uma grande quantidade de veneno, os primeiros sintomas surgem ao fim de meia hora: dor de cabeça, boca e gengivas dormentes, falta de sensibilidade nas mãos e paralisia muscular. O coração continua a bater quase até ao momento da morte por asfixia. O corpo pode estar paralisado, mas a consciência mantém-se alerta. É uma morte lenta de agonia. Se forem ingeridas quantidades menores de veneno, os sintomas podem surgir ao final de várias horas. Ainda não se descobriu o antídoto para este veneno.

12- A 16 de Janeiro de 1975, os japoneses ficaram chocados com a morte de Mitsugoro Bando, um famoso actor de Kabuki. Nessa noite, ele foi jantar com amigos e com uma gueisha num restaurante de Quioto. Foram servidas pequenas porções de fígado a todos os convidados. Ninguém se atreveu a comer, excepto Bando. Comeu a sua dose e, já que ninguém mais quis comer, refastelou-se com as doses dos outros. Sete  horas mais tarde, a meio da noite, e após horas de agonia, não resiste ao veneno do fugu.

13- Quando confrontados com o risco de morte, alguns apreciadores de fugu apontam as baixas estatísticas de vítimas comparadas com as mortes no Reino Unido com a BSE, a doença das vacas loucas: que provocou seis vezes mais mortos.

14 - Mie, a 380 quilómetros do Japão, é a zona por excelência da pesca de fugu. A estação da pesca dura cinco meses, de Outubro a Fevereiro. Mas também existe criação em aquacultura na zona de Kyushi. Neste caso, o facto dos peixes terem mais espaço e uma alimentação pré-definida dá origem a peixes sem veneno. Na região, as pessoas comem o fígado de fugu sem correrem o risco de envenenamento.

15 -A cidade de Shimonoseki, na prefeitura de Yamaguchi, fica na ponta sul da ilha de Honshu e é conhecida como a "Fugu City" pois é nela que é comercializada toda captura de fugu feita em águas japonesas. Por ano, são pescadas cerca de três toneladas de fugu.


O sashimi de fugu é apresentado em forma de crisântemo.

O Restaurante Miuraya, em Asakusa, especializado em fugu há mais de 40  anos.
Os diplomas dos chefes estão afixados na parede à vista dos clientes.
Até hoje, todos sobreviveram .

E agora pergunto a quem leu este texto, atrevia-se a comer uma dose de fugu?

Mercado Ameyoko em Chyoda, Tóquio.




Quando comecei a preparar esta viagem ao Japão, uma das coisas que fui pesquisar à net foi a oferta de mercados de rua em Tóquio. Descobri que existem imenso mercados de artigos de segunda mão nos arredores do centro e muito poucos mercados de rua. Entre estes, o mais conhecido é o mercado de Ameyoko, no bairro de Chyoda, bem perto do Parque Ueno. A palavra Ameyoko resulta da combinação de "Ameia" (rebuçados) e "Yoko" (ruela). Ou seja, beco dos rebuçados. Em tempos que já lá vão,  no Pós Segunda guerra mundial, existiu aqui um mercado negro de cigarros, licores e chocolates. Hoje em dia, o mercado vende uma grande misturada de artigos. Podemos ver bancas de peixe fresco lado a lado com bancas de roupa, calçado, pickles, frutas, filmes pornográficos, tudo a bons preços e anunciado em alto e bom som pelos berros de alguns dos vendedores. É curioso ver a forma como os japoneses aproveitam cada milímetro de espaço. Uma boa parte das lojas de roupa e calçado ocupam o espaço das arcadas dos carris de uma linha de comboio.

Foto retirada do site http://www.zonjineko.com que bem merece várias visitas

Para mim, a melhor parte da visita a este mercado foi descobrir várias bancas que vendiam espetadas de fruta a 100 yenes (1 euro): melão, melancia, meloa e ananás. Já andava a ressacar fruta porque uma vez que os japoneses importam quase toda a fruta que consomem, na maior parte das lojas comercializa-a a preços quase pornográficos. E a maior parte dos restaurantes não tem por hábito servir fruta à sobremesa. A espetada de meloa que comi neste mercado era para lá de boa e só por isso já valeu a pena ter vindo a este mercado. 

Parque Ueno e os sem-abrigo de Tóquio.










Ueno é um parque público de Tóquio muitas vezes referido na literatura e nas artes japonesas. Não é particularmente bonito, existem jardins mais interessantes na cidade. Mas é muito frequentado pelos habitantes da cidade uma vez que possui várias atracções: o Lago Shinobazu com os seus barcos em forma de cisne, o Santuário Tosho-gu, um pagode budista, várias estátuas e vários museus: Museu Nacional da Ciência, Museu Nacional de Arte Ocidental, Museu de arte Metropolitana de Tóquio e Museu Nacional de Tóquio. Ou seja, dava para passar vários dias a explorar o Parque Ueno.

Foto retirada de http://housingdreams.wordpress.com/

Quem visita o Parque Ueno não pode deixar de reparar nas muitas barracas de lona azul que existem em várias zonas mais abrigadas. O mesmo se passa quando se faz um cruzeiro no rio Sumida, aqui e acolá existem barracas como estas. todas iguais, porque são feitas com plástico oferecido pelo município da cidade. E se passarmos mais perto de alguma e conseguirmos olhar lá para dentro, podemos ver como estão impecavelmente limpas e arrumadas, com os sapatos à entrada e roupa a arejar no exterior. É um cenário que nos deixa pensativos. Ainda assim, para uma cidade com cerca de 35 milhões de pessoas (refiro-me à Grande Tóquio, cidade e arredores), o número de sem-abrigo é relativamente pequeno quando comparado com cidades da América. Existem cerca de cinco mil sem-abrigo na cidade, na sua maioria do sexo masculino. Entre eles contam-se alcoólicos e pessoas com problemas mentais mas, a maioria, são pessoas que perderam o emprego e não conseguiram regressar ao mercado de trabalho. Mas algumas até regressam só que demoram algum tempo a ter condições económicas para alugar casa. enfim, é um assunto delicado sobre o qual o governo Japão não gosta de prestar declarações. Mas o desemprego existe e os seus efeitos são bem visíveis.

Uma perspectiva  de um dos barcos que faz cruzeiros no rio Sumida.

Os Invernos são muito rigorosos no Japão. Por tal, todos os anos morem vários sem-abrigos. Alguns ainda conseguem arranjar dinheiro para passarem algumas horas em cyber-cafés que, por cerca de 10 a 15 euros, alugam pequenos espaços isolados com computador, sofá e bebidas incluídas por períodos de cinco horas. Outros procuram abrigo em estações de comboio e de metro, mas todas elas fecham entre a meia-noite e a uma da manhã e só voltam a abrir às cinco. Não admira pois que no Inverno aumentem as taxas de suicídio em os sem-abrigos mais desesperados. E escrevo mais desesperados porque alguns admitem que são felizes assim. Mais do que se estivessem a trabalhar, perdendo toda a sua liberdade em função de um emprego onde são "obrigados" a trabalhar cerca de 12 horas por dia... Vale a pena ler este artigo com depoimentos de alguns sem-abrigo, onde ficamos a saber o tipo de rivalidades que existem entre os sem-abrigo de Ueno e os de Shinjuku ou Asakusa. Parece que, mesmo nas ruas, a tal liberdade não é igual para todos.


Kapabashi, um mundo de artigos de cozinha.





Uma loja de louça
Artigos em laca

Panelas de todos os tamanhos
Uma loja de cartazes e  sinalética


A Kapabashi Dori é uma rua já perto do Parque Ueno, no bairro de Asakusa, a cerca de 20 minutos a pé do Templo Sensoji. Nesta rua vende-se tudo aquilo de que um restaurante possa precisar, excepto comida: louças, copos, panelas, mesas e cadeiras, artigos em laca, pauzinhos de madeira, lanternas, toalhas, panelas, formas de bolos e biscoitos, menus, caixas bento, facas, comida de plástico a imitar pratos cozinhados na perfeição, etc  É sem dúvida o melhor local da cidade para comprar artigos de cozinha porque a variedade é enorme e a maior parte dos artigos tem preços acessíveis. Para quem, como eu, adora a cerâmica japonesa, é uma verdadeira perdição... Mas viajar cheia de louça não é lá muito prático, pelo que me contive e trouxe peças pequenas. Mas trouxe várias. E se procurarmos bem, encontramos peças lindas a partir de 2 euros. Quem disse que no Japão é tudo caro? 

Dá vontade de trazer um pratinho de cada variedade...
Uma das muitas lojas onde se vende comida de plástico.
Montra de um restaurante com a tal comida de plástico. Dá imenso jeito
porque a maior partes dos japoneses não fala inglês. E assim, ninguém
passa fome porque basta apontar.
 Os pratos de comida em plástico são tão realistas que me apetecia  ter trazido uns quantos. Mas depois lá caí na real. Aquilo não me iria servir para nada e por tal  não comprei nenhum. Mas lá está, estes pratos de comida já são artigos caros. O que vale a pena comprar nestas lojas de comida falsa são porta-chaves em forma de sushi. Trouxe vários que fizeram sucesso. Custam cerca de 12 euros. 


Reparem no asseio desta rua e nas camadas de canteiros, em altura. As casas
podem ser minúsculas, mas os japoneses gostam de ter plantas à porta.

Depois de visitar esta rua, fomos a pé até a um dos jardins mais famosos de Tóquio, o Parque Ueno.

Asakusa, uma visita obrigatória para quem vai a Tóquio.

Ao fundo, o portão Kaminarimon, o "portão do Trovão", ladeado
por duas estátuas guardiãs.



Loja especializada em macha: chá verde em pó que pode ser usado
para preparar uma bebida quente ou fria.

Se tivesse de recomendar um roteiro de um dia para alguém que só tivesse 24 horas para passear em Tóquio, Asakusa seria o ponto de partida, terminando o dia em Shibuya. Asakusa é um distrito onde se respira a atmosfera do passado. É talvez o o local mais turístico da cidade e facilmente se percebe o motivo para tal. Tóquio foi fortemente bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e sobraram muito poucos edifícios antigos. Dos poucos que sobraram, a maior parte concentra-se aqui. Asakusa é também um dos pontos de partida ou de chegada dos cruzeiros no rio Sumida, um passeio recomendável que permite apreciar o contraste entre edifícios modernos e casas pequenas mais antigas, muitas delas adaptadas a lojas, restaurantes e ryokans (pousadas tradicionais). Mas a maior atracção de Asakusa é sem dúvida o Templo Kannon, também designado por Sensoji. A entrada é gratuíta.

Dá para sair desta rua com o traje completo e o penteado
de uma gueisha. esta loja é especializada em cabeleiras
postiças, ganchos e travessões
A montra de uma loja de doces. São quase todos feitos com feijão ou castanha
e, de um modo geral, não valem nada... Podemos provar para comprovar.

A Nakamise Dori tem 200 metros de comprimento e está repleta de lojinhas
que vendem doces, chá, bonecas,tecidos, kimonos, yukatas, leques, bijutaria
de geisha, malas, gravuras, postais, chinelos de madeira, máscaras,
sombrinhas, etc 
Nesta altura do ano, Outubro, a decoração remete para o Outono.
Em Maio, é celebrado aqui um evento importante, o Sanja Matsuri
Pagode de cinco pisos, uma réplica feita em 1973.


Queimador de incenso, sempre rodeado de pessoas que se banham em fumo
em busca de protecção para a sua saúde.



Para chegar ao tempo Senso Ji, é preciso atravessar a Nakamise Dori, uma rua repleta de pequenas lojas que vendem doces e artesanato japonês a preços um pouco mais elevados do que noutras lojas do Japão. Mas a Nakamise apresenta a vantagem de concentrar num só espaço uma enorme variedade de artigos. Pode compensar para quem tiver pouco tempo.



Kannon é a deusa budista da misericórdia. Em 628 d. C,, dois pescadores encontraram uma pequena estátua de ouro desta deusa e conta a lenda que, apesar de a terem devolvido ao mar, ela continuava a vir à superfície. Consequentemente, em 645 d.C. foi construído um pequeno templo em sua homenagem, o mais antigo da cidade. Mas o templo Sensoju que vemos hoje em Asakusa não é o original já que este foi destruído na Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma reconstrução que recriam o estilo do período Edo. Aliás, como viria a confirmar ao longo desta viagem, quase todos os monumentos que vemos no Japão foram destruídos em guerras, terramotos ou incêndios. É raríssimo encontrar um templo que tenha sobrevivido intacto ao passar dos séculos.



Vale a pena passar aqui algum tempo a observar os rituais budistas dos japoneses. A forma como rezam, como fazem dádivas e como pedem desejos. Enquanto observava estas tradições, fui interpelada por uma senhora de um canal de televisão japonês que me perguntou se podia colaborar, sendo entrevistada por ela e participando numa pequena brincadeira. Mesmo sem saber exactamente do que se tratava, disse logo que sim. Só depois é que ela explicou que a ideia consistia em colocar uns auscultadores, ouvir um excerto de uma música tradicional japonesa e cantá-la em simultâneo para que as imagens fossem passada num concurso onde os participantes tinha que adivinhar que canções cantavam os turistas. E eu alinhei, meio perdida de riso, Afinal, ninguém me conhece naquele país. Como recompensa, ofereceram-me uma pequena peça de artesanato. Mas o melhor de tudo, foi o momento de galhofa, devidamente registado numa gravação de telemóvel, que dificilmente irei esquecer. Que bom que é ser anónimo num país onde ninguém nos conhece. Não sei se teria lata para fazer o mesmo em Portugal.

A avenida do templo de Asakusa
Ao fundo, um edíficio com a assinatura
de Philip  Stark, a fábrica de cerveja Asahi.


Ginza - Um bairro que cheira a dinheiro.


Ginza Yonchome Intersection, a junção da
 Chuo Dori (rua) com a Harumi Dori,

A fachada da Louis Vuitton

Ginza está para Tóquio como a 5º Avenida e a Madison Avenue estão para Nova Iorque. Tem as ruas com o metro quadrado mais caro da cidade. Ruas repletas de templos de consumo onde luxo é a palavra de ordem. É aqui que ficam as lojas dos grandes costureiros franceses e italianos, curiosamente lado a lado com a Gap, a Zara e a Benetton, lojas bem mais acessíveis que, por sinal, chegam a ter fachadas e montras bem mais giras do que as restantes. E se o design de lojas já surpreende noutros bairros da cidade, pelo bom gosto e originalidade, aqui é elevado ao extremo com lojas de chocolates que mais parecem joalharias e boutiques de roupa com áreas que fazem lembrar o lobby de um hotel de cinco estrelas. E com direito a segurança à porta. É outro universo que gera lucros consideráveis e é alimentado pelo fascínio que os japoneses têm pelo Ocidente. Algo que, curiosamente, acontece desde que o país deixou de estar isolado devido ao shogunato Tokugawa. por volta de 1850. Não admira pois que tudo o que seja marcas de luxo queira abrir portas no Japão. E se a este interesse pelo Ocidente  juntarmos o elevado poder de compra dos japoneses (o ordenado médio de um estagiário são 2 mil dólares por mês) e o prazer que têm em "torrar" os yenes que ganham em semanas com uma média de 70 horas de trabalho, o sucesso é quase garantido. E claro, as marcas adaptam-se também aos gostos dos consumidores. Num país onde uma grande parte das mulheres veste 34 (rabinhos de criança), calça 35 e anda quase sempre de micro shorts ou de mini saia, é sem dúvida importante que as marcas se saibam adaptar. 


Um "restaurante" que só serve sobremesas.



Em Ginza também existem grandes armazéns com vários andares de lojas.
As famosas passadeiras cruzadas.



Alguns prédios têm lojas até ao último piso.


Á direita, a sede da Sony com um show room de vários pisos onde podemos
conhecer e experimentar todas as novidades da marca sem pagar nada por isso.

Uma das experiências que recomendo a quem for a Tóquio é ir a um teatro para assistir a uma parte de uma peça de Kabuki. Não digo assistir a uma peça inteira, porque chegam a durar 6 horas e o bilhete custa uma pequena fortuna, cerca de 180 euros. Mas é possível comprar um bilhete por cerca de 8 euros para assistir a 40 minutos, um preço perfeitamente decente. Não percebemos nada do que dizem na peça, é certo, mas eu achei divertidíssimo porque é diferente de tudo aquilo que já vi num palco. Os actores são todos homens, até mesmo os que representam personagens femininas. Quando o Kabuki surgiu, as mulheres também participavam mas  depois o shogunato Tokugawa proibiu a participação das mulheres e até hoje são homens que fazem estes papéis. Chamam-lhe os onnagata.. Os actores não falam, grunhem e gritam em japonês arcaico que nem todos os japoneses entendem perfeitamente, prolongado o final de cada palavra de uma forma tão exagerada que não dá para conter o riso. E depois é engraçado ver que existem pessoas em palco, todas vestidas de negro, que supostamente são figuras invisíveis e existem apenas para estarem permanentemente a endireitar os trajes pesados das personagens principais. Tudo isto acompanhado de música ao vivo. É imperdível como podem ver neste excelente link que explica a origem desta forma de arte popular que remonta o período Edo (1603-1868) e invoca episódios históricos, conflitos entre samurais e relações amorosas.

A fachada do Teatro de Kabuki em Ginza.  Para os estrangeiros,
existem auscultadores com tradução simultânea em várias línguas.