Uma das primeiras coisas que fiz no dia em que cheguei foi ir espreitar o Mercado Municipal, até porque estava a chover e podia passar algum tempo entretida a ver a "movida" de São Tomé e a investigar as frutas e os legumes locais sem me encharcar. E como os mercados são sempre um local privilegiado para fazer fotos, apontei a câmara para uma vendedora de peixe e, para meu espanto, a senhora reagiu muito mal... Que não se podiam tirar fotos sem pedir. Que mesmo pedindo, não gostam de ser fotografadas. Que seria preciso pagar para o fazermos. Enfim, não entendem que divulgar fotos do mercado até pode ser um chamariz para mais turistas. Mas isto passou-se de manhã, porque voltei a estes mercados várias vezes para comprar fruta - jaca, mangas, cajamanga, sape sape, banana-maçã, mamão e papaias - e o cenário à tarde já foi outro. Assisti a um dos momentos mais divertidos de toda a viagem, uma onda musical colectiva , tipo "flash mob", com toda a gente a cantar músicas tradicionais e alguns a dançarem neste corredor central que vemos na imagem. E e eu a C. felizes da vida a curtir as bebedeiras monumentais (o vinho de palma é tramado...) e sem pagar bilhete. Foi lindo!
| Mercado Municipal |
Como sucede em quase toda a parte do mundo, nos mercados tudo é regateável. Ora nós como tínhamos uma amiga a viver em são Tomé, já íamos com uma noção do preço das coisas. Mesmo assim, é fácil esquecermos que estamos a negociar noutra moeda (1 euros são 24.500 dobras) e dar por nós a regatear valores na ordem dos cêntimos.... Por vezes, percebia que estava tentar baixar 20 ou 30 cêntimos pela compra de mais de 2 quilos de mamão (comprei 3 mamões enormes por 10 mil dobras, ou seja, uns 40 cêntimos...) e acaba por cair na real e arredondar para cima. Mas é óbvio que nos tentam passar a perna, o que é perfeitamente compreensível quando o salário médio, e não o mínimo, ronda os 200 euros mensais.
| O tamanho de algumas jacas é surreal... |
| É comum ver vendas de carvão numa ilha onde o gás é uma raridade... Muita gente vive de queimar madeira para fazer carvão e vendê-lo. |
| Muita banana pão eu comi, ora cozida, ora assada, ora frita ( a melhor versão de todas), como acompanhamento de vários pratos. |
| Os putos passam o dia atarrachados nas mães e noutros membros femininos da família |
| Peixe também não falta na ilha, embora quase toda a gente depois o seque ao sol por não ter frigorífico para o conservar |
Fiz questão de aproveitar cada ida ao mercado para comprar todas as coisas que me eram estranhas e depois prová-las As grandes revelações foram, sem dúvida, a fruta pão que se come cozida. assada ou frita como acompanhamento de pratos (tal como a banana), o mata-bala (um tubérculo parecido com o inhame que se frita em fatias finas e se come como aperitivo) e o sape sape (uma fruta que dizem ter propriedades idênticas à quimioterapia, um copo equivale a uma sessão...será?). Bebi um sumo de sape sape simplesmente di-vi-nal no Café Companhia. O sape sape lembra a anona. Mas ainda ontem bebi um sumo de anona no Frutalmeidas, na esperança de ser transportada para São Tomé por uns breves segundos...e fiquei quietinha no mesmo lugar...
| Banca de fruta pão, provavelmente a fruta que mais vemos nas árvores, um pouco por toda a parte, juntamente com a jaca. Fome ninguém passa. |
Tive experiências idênticas. Sei do que fala. Acabei de chegar de S. Tomé há 3 dias. Adorei tudo, e acabei relevando a forma como fui tratada no mercado. Insultaram-me e só faltou agredirem-me fisicamente, apesar de EU TER SEMPRE PEDIDO E RESPEITADO, AS DECISÕES PESSOAIS SOBRE AS FOTOS.
ResponderEliminarUma pena, de facto, a animosidade que algumas pessoas evidenciam pelos estrangeiros, mesmo os portugueses. Salvam-se as crianças, que são um doce de meninos, comoventemente meigos ...
Olá Ana. As crianças têm de facto a reacção oposta e adoram ser fotografadas e depois espreitar a máquina para ver como ficaram. Enfim, nada a fazer com os adultos, ou lhes damos a volta ou então temos de compreender e respeitar.
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