As casas são quase todas construídas sobre estaca. De dia anda tudo à solta, mas ao entardecer a bicharada sabe toda qual é a sua casa e é vê-los refastelados junto às estacas. Não existem pocilgas nem galinheiros. Homens e animais convivem em plena harmonia. E ninguém passa fome, porque há sempre fruta pão, jaca, mandioca, banana e mata bala por tudo quanto é lado. É pois perfeitamente normal abrandar o jeep para deixar passar a porca com os seus leitõezinhos, a galinha com os pintos, a pata com os seus patinhos, a cabra com os cabritinhos... Chega a ser hilariante quando calha um verdadeiro zoológico destes atravessar-se na nossa frente na estrada! Melhor, só mesmo saber que isto também se passa em pleno Ilhéu das Rolas. A minha amiga T. contou-me, divertida, que quando foi passar um fim de semana ao Pestana das Rolas, passou uma porca com os seus leitõezinhos junto à piscina!
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Mulheres a encherem bilhas com água das fontes. |
Por volta do meio-dia, chegámos finalmente ao famoso Restaurante Santola, na cidade de Neves, a segunda maior cidade da ilha. Não fazia ideia do que me esperava, para além da dita da santola. O restaurante fica no meio de um bairro pobre, numa zona sem estrada de alcatrão, numa casa de madeira muito simples, sem grande apresentação. Mandámos vir cerveja nacional e depois vieram as travessas com umas santolas grandes, cozidas com sal, que souberam às mil maravilhas. A partir das uma da tarde, começaram a chegar mais pessoas, entre eles um grupo de portugueses. Não foi preciso muito para que, passados uns minutos, já estivéssemos todos à conversa. Descobrimos que tínhamos viajado no mesmo avião e que iríamos regressar também no mesmo. Aliás, isto ao longo da semana foi uma constante, conhecer pessoas que tinham ido na TAP e iriam regressar na TAP. Como a ilha é pequena, houve pessoas que encontrámos mais do que uma vez. Enfim, deu para sentir que este é o segundo país mais pequeno de África, a seguir às Seychelles.
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Senhora a assar banana-pão à porta do restaurante |
Consoladinhas com o almoço, deixámos Neves rumo a Anambó, para visitar o padrão que assinala o local onde, em 1470, João de Santarém e Pêro Escobar desembarcaram em São Tomé.
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Uma roça à beira mar |
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O padrão de Anambó |
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Um tasco que se chama "Viva a boa vida". Também por um que se chamava
"A Vida é difícil" e outro que se chamava "Haja saúde".
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Já ao final do dia (anoitece por volta das 17h00, estamos no Equador)
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Euzinha junto a uma das várias cascatas que existem na estrada costeira. |
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Como é que eles conseguem ter dentes tão brancos??!!! |
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Reparem no tamanhão das jacas (foram as maiores que vi até hoje!)
e na originalidade da bicicleta de madeira
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O dia terminou com a visita a mais uma Roça (elas são tantas...),a uma praia que tem um navio encalhado e que preferia não ter conhecido (servia de caso de banho pública a uma povoação...contei seis pessoas de cócoras na areia) e ao local onde se deu o massacre de Batepá.
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E uma vez mais, ouviu-se o grito de guerra "Brrráncá, dá doce!" |
Nunca mais me vou esquecer de um episódio que se passou na Roça Fernão Dias quando tomava um banho de crianças, literalmente, que se divertiam a ser fotografadas. Às tantas, vejo um miúda com uns 5 anos que é uma autêntica boneca, com uma cara lindíssima e um sorriso deslumbrante. Começo a falar com ela sem reparar que a mãe dela me estava a observar, afastada. A senhora aparece de repente e desafia-me a levar a miúda comigo. "Leva ela! Leva ela para casa!". Oops...fiquei sem fala... E mais tarde comentei o sucedido com várias pessoas que me disseram que isto é normal. Há pais que vendem ou oferecem as crianças, sabendo que podem ter uma vida melhor...
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